Publico-o principalmente para partilhar convosco o talento desta menina de 12 anos, que teve a ideia de criar uma história sobre um possível passado meu. Obviamente esta história não é realidade, realidade é que todos nós temos um, dois, ou ainda mais talentos escondidos dentro de nós e cabe-nos a nós e a mais ninguém lutar por eles.
Parabéns Carolina, e obrigada. É uma honra para mim ter um texto teu.
" Sonha, Acredita e Luta
Era sábado de manha e Sara aguardava tranquilamente no seu quarto a saída de seu pai para trabalhar.
Mal ouviu a porta bater saiu do seu quarto e procurou o seu pai por toda a casa para ter certezas de que estava sozinha visto que sua mãe e sua irmã tinham saído para fazer compras.
Já com a certeza de estar sozinha em casa, dirige-se para a sala, arrasta os sofás para ficar com mais espaço liga o rádio e começa a dançar.
Sara é apaixonada por dança e tinha o sonho de um dia mais tarde a dança ser o seu trabalho, o que não iria ser tarefa fácil pois seu pai queria que ela seguisse Direito tal como ele e sua irmã.
A jovem de 17 anos distraída a dançar, não deu pela chegada do seu pai a casa. Vinha furioso com certeza o trabalho não lhe tivera corrido bem. Seu pai, ao entrar na sala vê-a a dançar e dá uma pequena pancada no rádio fazendo-o parar, e com mais fúria ainda manda Sara para o seu quarto e proibi-a de dançar tirando-lhe todos os seus rádios e CDs. Destroçada Sara deita-se na cama a chorar e acaba por adormecer. Dormiu ate ao dia seguinte.
A data do seu aniversário aproximava-se e Sara estava mais do que decidida a partir, não sabia qual o rumo a tomar mas de uma coisa ela tinha a certeza, é que qualquer que fosse o caminho teria de dar a algum sítio onde ela pudesse dançar á vontade.
Chegou domingo, ou seja, dia de almoço em família, os seus tios e primos iriam almoçar lá a casa o que não agradava a Sara, pois ela gosta de estar “no seu mundo”, sozinha no seu quarto a dançar. E para além disso ninguém na sua família a apoiava no seu sonho.
As pessoas começavam a chegar e a casa ia ficando cada vez mais cheia. A hora de almoço chegou e estavam todos sentados á mesa a almoçar e a conversar, e claro o assunto de conversa foi parar á Sara e á sua irmã. Começaram a fazer as comparações do costume “ A sua irmã é a filha perfeita e a Sara o desgosto da família.
Já farta da conversa Sara levanta-se e abandona a mesa dirigindo-se para o seu quarto trancando a porta. Passados alguns minutos ela ouve seu pai a bater-lhe á porta super furioso ordenando-a a abri-la. Para não ter chatices, Sara levanta-se e abre a porta. Mal ela abre a porta e dá de caras com o pai este manda-lhe uma estalada.
Seu pai nunca lhe batera e isso fez com que ela ficasse ainda mais magoada.
- Foi muito triste tudo o que fixes-te agora, fizeste-me passar das maiores vergonhas de toda a minha vida! Agora o que pensarão eles de mim? Que sou um mau pai? Que não sou decente de educar alguém? Responde-me! – disse seu pai enervado e elevando cada vez mais a voz.
- Pois você só pensa na sua imagem, só se preocupa com aquilo que os outros vão pensar de si não é pai? O pai não se preocupa com a minha felicidade! Você não se preocupa minimamente comigo! – disse Sara com as lágrimas a escorrer pela cada vez mais pela sua cara.
- Nunca mais voltes a dizer isso, estás a ouvir?! Que seja a 1º e a ultima vez que tu me fales assim. És minha filha não tens esse direito.
- Não sei se sou. Ultimamente já nem me sinto parte da família. Cada vez que nos sentamos á mesa ao domingo a única coisa que sabem fazer é rebaixar-me, dizerem que sou o desgosto da família – disse ela a chorar cada vez mais.
- Cala-te não sabes o que dizes! – afirmou ele.
- Ok! O pai é que sabe.
Ao dizer isto Sara pega no seu saco que estava em cima da cama, põe-no às costas e sai de casa. Seu pai ainda tentara ir atrás dela mas foi missão impossível pois ela já tinha desaparecido.
No saco Sara levava tudo o que necessitava desde roupa, comida e dinheiro que ela própria juntava. O saco já estava pronto pois Sara já planeava isto, só não esperava que fosse tão cedo.
Os dias foram passando e Sara já tinha completado os seus 18 anos, os seus pais não fizeram queixa á policia pois tinham a esperança que ela voltasse, mas mesmo assim como Sara já era maior de idade a policia não podia fazer nada.
Sara foi para uma pensão, arranjou trabalho e começou a estudar á noite, estava a tirar um curso de artes mais propriamente escultura, uma coisa que também desde sempre a fascinou.
O tempo foi passando e Sara completou o seu curso e entrou numa academia de dança para poder finalmente dedicar-se á dança. Conheceu uma rapariga chamada Liliana tornaram-se grandes amigas e quando Sara lhe disse que estava a viver numa pensão a “Lili” como a Sara lhe chama, dispôs a sua casa e então ela foi viver para lá.
Seus pais tentaram contactar a polícia, mas como Sara pensava não havia nada a fazer pois ela já tinha 18 anos, já era maior de idade. Acabaram por se habituar á ideia de provavelmente ela nunca mais aparecer.
Cinco anos se passaram e Sara tem agora 23 anos, completou o seu curso de escultura e conseguiu emprego nessa área. Finalmente conseguiu tudo o que sempre quis e dá agora aulas de dança com a Lili. Alem de professora é também das melhores dançarinas de sempre.
Sara encontra-se agora á porta de casa. Decidiu voltar. Colocou as chaves que desde sempre estiveram com ela rodou-as na fechadura abriu a porta e com um pouco de receio entrou e procurou a sua família.
Estavam todos na sala a ver televisão. Eles acompanhavam toda a sua carreira através de revistas, televisão e internet.
Ao vê-la ficaram muito surpreendidos pois já tinham perdido toda a esperança.
Ficaram a tarde toda a falar e Sara pode finalmente falar com seu pai sobre a dança sem que acabasse em discussão. Seu pai aceitou finalmente o seu sonho que era agora realidade.
Mudou-se para sua casa e cada dia que passa dança cada vez melhor.
Fugir pode não ter sido a melhor maneira mas com esforço, ajuda e dedicação Sara conseguiu concretizar os seus sonhos.
Agora é a tua vez!
Fim!
"
Ana Carolina J