Ás vezes, lá aparecem aquelas estrelas guias que nos dão vontade de fazer o que temos guardado para fazer "quando der tempo". Hoje apareceu-me uma dessas.
Inspirada (e desafiada) por essa estrela polar venho aqui falar um pouco sobre 9 meses, que afinal foram 10 e uns dias, da minha vida como bailarina e futura mamã!
Não vou dizer que foi simplesmente alucinante e divertido (na verdade, dos 4 aos 8 meses foi!!!;) ) mas a realidade é que foi a oportunidade de ver o quanto a dança oriental me ajudou, quando a epidural não funcionou, quanto me ajudou para o meu corpo estar preparado para a expulsão na hora do parto, quanto me ajudou na postura para prevenir as dores de costas, força nas pernas,cansaço, recuperação pós parto, e muito, muito mais.
A dança oriental por si só não tirou os medos, as inseguranças, não tirou a responsabilidade, nem arrumou a casa, nÃO acalmou a balança nem apertou os meus sapatos ou me lavou a louça quando a barriga já não deixava. Mas esteve sempre lá, para me mostrar como é bom conhecer o meu corpo, estar ligada a ele, ser mulher, como é bom ter dentro de mim o maior tesouro do mundo, a dançar também. (no entanto o tesouro dançava mais por volta das 3h da manhã, o que acho relevante referir também! eh eh )
Ser professora/bailarina e grávida é ter que explicar às princesas bailarinas porque é que eu estou sempre a ir fazer xixi quando elas não podem ir a meio da aula, é ver os trajes e roupa das aulas a deixarem de servir e sorrir, é conhecer todos os cafés e casas de banho perto dos locais das actuações, é ter mil e quinhentas pessoas com imenso respeito à nossa bexiga (salvé bexiga!), é fazer uma batida lateral simples e ter toda a gente a aplaudir, é ouvir "grávida" em sussurros por entre a multidão, é deixar de conseguir tocar nos pés e sentir uns mini pés a resmungar se tentas fazê-lo, é adormecer antes e depois da actuação, é enjoar antes, durante e depois da actuação (é estar super enjoada em directo da "Praça da Alegria" e ainda me ter que lembrar que não posso trocar "Vip Bus" por "Mini Bus"), é deixar de pintar as unhas dos pés.. é deixar de cortar as unhas dos pés... já referi que deixei de conseguir chegar aos pés?... é ter que pedir a alguém para nos cortar as unhas dos pés... (esta mexeu comigo, pronto! )
...é pensar que de dia para dia estamos mais cansadas, mais pesadas, menos auto-suficientes, e pensar que é um um excelente motivo, algo que nos faz sorrir apesar de todos os medos.
...é abrir uma porta ao conhecimento... depois de ser mãe mudei? não, sou a mesma pessoa, apenas com mais experiência, com mais compreensão.
Olho para trás, para este ano que passou e penso na quantidade de coisas que se passaram, nas pessoas que me acompanharam, me acarinharam e me viram chorar com gaitas de foles, quem esperou por mim quando o meu caminhar se assemelhava mais a um pinguim em câmara lenta do que a uma bailarina, quem quebrou regras sem me conhecer para me ver sorrir, quem adormeceu no meu barrigão por estar há três dias a dormir numa sala de espera, quem me deu a mão na hora da epidural, quem me fez maçã cozida e levou a casa, e a aletria também.
...é uma aventura alucinante mas é só o inicio, e se for outra vez desafiada volto aqui para contar a verdadeira aventura.
Ser mãe de dez (Tribo lol) e de mais uma princesa Linda.